Estamos morando no nordeste da Tailândia, em uma pequena cidade chamada de Nong Khai, com cerca de 40.000 habitantes somando área urbana e rural. E tentar traduzir na escrita o que estamos vivendo nessas primeiras semanas, as vezes, parece uma missão mais difícil do que estar aqui como missionários. Mas vou tentar descrever para você um pouco das nossas percepções após esses primeiros dias e porque a velha história da serpente me veio a mente.
O povo e a cidade de Nong Khai
Em suma, as pessoas aqui são bem simpáticas e prestativas, o que de certa forma nos faz sentir mais a vontade e bem recebidos. Por outro lado o que mais nos chamou a atenção até agora, é o fato de como a religião é bem mais evidente. Há templos budistas em praticamente todos os bairros e a presença de imagens de Buda, de espíritos guardiões e de outros deuses é muito frequente.
Além disso, em Nong Khai o budismo se mistura com o animismo e com o hinduísmo. A presença chinesa é relevante, por ser uma cidade de fronteira e ter sido em tempos antigos um dos pontos da rota da seda.
A velha história da serpente
Essas imagens/estátuas de falsos deuses estão espalhadas por toda a cidade o que nos mostra de forma concreta como esse é um lugar inalcançado — se Deus quiser, não por muito tempo —.
Sobretudo uma estátua nos deixou reflexivos, uma imagem de serpente com sete cabeças que emerge do rio. Sim, logo que vi lembrei de apocalipse 13: 1-8. Sem dúvida não quero ressignificar a interpretação de apocalipse 13. Apenas me chamou a atenção como esses símbolos estão presentes nessa cultura. E O versículo um diz o seguinte:
E eu pus-me sobre a areia do mar, e vi subir do mar uma besta que tinha sete cabeças e dez chifres, e sobre os seus chifres dez diademas, e sobre as suas cabeças um nome de blasfêmia…
Mas essa imagem representa Naga, um grupo de divindades da mitologia hindu e budista. Que de acordo com a crença animista daqui, ao emergir do rio Mekong, criou o mundo e os seres humanos. Esse é o deus adorado por nossos vizinhos e demais pessoas nesta cidade.
Em meio a todas essas imagens, nosso filho de dois anos nos enche de perguntas sobre o que são. Sim, meu coração de mãe se preocupa e ora constantemente pedindo a Deus sabedoria, para responder as perguntas de um menino curioso e ávido por aprender.
Estamos com o tempo contado
O que mais nos impacta é encarar a realidade de estarmos com o tempo contado. As profecias estão se cumprindo e ver que ainda há cidades e países inteiros que não conhecem a Deus. Isso nos move a querer aprender a falar tailandês o quanto antes. Conseguir nos comunicar de forma eficaz e contar para as pessoas ao nosso redor — aqueles que quiserem ouvir — mais sobre esse Deus que tanto nos ama.
Henrique, Uédila e Riquinho são missionários de médio prazo no Projeto Central Thai desde 2023.