Um chamado que não podia mais esperar
Olá! Meu nome é Lara Ricci. Sou da Venezuela, mas, pela graça de Deus, moro no Sudeste Asiático há cerca de seis meses. Sou psicóloga, mas atualmente sirvo como professora de inglês. Hoje, quero compartilhar um pouco da minha vida no campo missionário e como tenho visto que Deus está agindo.
Desde muito jovem, senti o chamado missionário para trabalhar para Ele. No entanto, durante anos, adiei essa decisão. No ano passado, porém, decidi que não iria esperar mais e me inscrevi para ser missionária da AFM (Adventist Frontier Missions). Quando recebi a notícia de que havia sido aprovada, fiquei feliz e honrada, mas também um pouco assustada. Logo depois, soube que não poderia falar abertamente sobre a Bíblia. Então, comecei a orar, pedindo que Deus me mostrasse maneiras de revelar Jesus aos meus alunos e às pessoas ao meu redor, mesmo sem palavras diretas.
O desafio inicial e as primeiras orações respondidas
Nos três primeiros meses, lecionei para 22 alunos, de 12 a 18 anos, com nível básico de inglês. Por ser um grupo grande e diverso, sabia que seria difícil criar vínculos próximos. Apesar disso, mantive-me sempre gentil e acessível, acreditando que, com o tempo, surgiriam oportunidades para conversar sobre valores e estilo de vida.
Com o passar das semanas, no entanto, comecei a me sentir sem impacto real. Por isso, intensifiquei minhas orações, pedindo a Deus direção clara. E foi nesse momento que Ele respondeu.
Quando Deus está agindo
Tudo começou com uma simples conversa. Uma aluna contou à professora que estava aprendendo espanhol no Duolingo e queria saber mais sobre a cultura latino-americana. Minha colega respondeu:
— Temos uma nova professora da América do Sul. Ela fala espanhol e português. Você pode conversar com ela depois da aula.
No dia seguinte, encontrei duas alunas me esperando no escritório. Elas me cumprimentaram e começaram a fazer perguntas. A partir daí, passamos a nos encontrar todos os dias após as aulas para conversas rápidas.
Um hino, uma memória e uma oportunidade
Certa tarde, eu e uma das alunas estávamos sentadas perto da janela da casa dos missionários de carreira. De repente, ouvimos crianças tocando piano e violão. Ficamos em silêncio até que começaram a cantar o hino Praise God, From Whom All Blessings Flow.
Quando a música terminou, a aluna disse:
— Essa música me lembra de quando fui à igreja com minha mãe, quando eu era pequena. É uma música cristã, certo?
Respondi que sim e expliquei, de forma simples, o significado da letra. Por fim, sugeri que ela procurasse a canção no YouTube. Para mim, aquele pequeno momento foi uma vitória poderosa, mostrando que Deus estava agindo.
A conexão cresce e a turma muda
Algum tempo depois, minha colega anunciou que estava deixando a escola, pois seu contrato havia terminado. Os alunos ficaram tristes, mas pediram que eu fosse a nova professora. As duas meninas haviam falado de nossas conversas, e todos já tinham criado carinho por mim. Hoje, ensino aquele grupo menor, com apenas oito alunos, e temos construído vínculos mais profundos.
Pequenos hábitos, grandes mudanças
Percebi que nenhum deles levava água para a aula. Então, falei sobre como a hidratação é essencial para o funcionamento do cérebro, para a saúde e até para a pele. No dia seguinte, um aluno trouxe uma garrafa. Logo depois, mais dois seguiram o exemplo. Em pouco tempo, todos estavam levando água e bebendo durante a aula. Isso me motivou a apresentar o método NEWSTART, incentivando hábitos saudáveis.
O impacto da missão vai além das palavras
Mesmo sem pregar diretamente, sei que Deus deseja que todos tenham “vida, e vida em abundância” (João 10:10). Isso inclui saúde física, mental e espiritual. Por isso, continuo buscando formas de servir, confiando que pequenos gestos podem abrir portas para grandes encontros com Deus.
Lara Ricci* é missionária de curto prazo no Tai Kadai desde março de 2025.
* Nome fictício por questões de segurança.




