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O jardim florido sendo cuidado por uma senhora sentada em uma cadeira

O jardim

Enquanto Luca brincava na varanda, a nossa vizinha de baixo, e proprietária do
apartamento
, saiu para trabalhar no seu jardim. Jardim esse que agora no verão está florido, verde e dando frutos. Ao ouvir os movimentos lá embaixo, Luca logo foi para a grade para assistir sua “bisa local” no seu trabalho diário.

Os cuidados com o jardim

Já era fim do dia, e estava um clima agradável, então desci com Luca para ele brincar um pouco lá embaixo e observar mais de perto os cuidados com a terra.
Sempre fico muito admirada com os cuidados dela com seu jardim. É uma senhora, que sofre com diabetes há dez anos e por isso sente muitas dores nas pernas, anda devagar por conta das dores, mas não deixa de cuidar do jardim.

Renunciar faz parte do cuidado

Todo verão sua família, que está toda espalhada pelo mundo, vem visitar. Ano passado eles fizeram uma viagem em família para a praia, e ela não quis ir porque precisava cuidar do jardim. Acabou que no final do verão eles fizeram uma viagem mais curta e conseguimos convencê-la de ir com a condição de que nós aguássemos o jardim todos os dias. Aguamos e mandamos fotos para que ficasse tranquila, pois sabemos como isso é importante para ela.

Um trabalho diário do jardim

O cuidado dela com o jardim me remete a algo espiritual. Pois é um trabalho diário. Então todo dia ela faz um pouquinho. Mas com diferentes cuidados no verão, outono, inverno e primavera. Assim, o que se planta em uma estação, ela colhe em outra. E mesmo com saúde frágil, ela é fiel aos cuidados dele. Tem dias que ela precisa se sentar para colher as ervas daninhas, mas colher as ervas é essencial para os cuidados da terra e resultados das próximas estações, então ela suporta a dor, faz o trabalho mais lento, mas faz.

Se não planto, não colho

Enquanto Luca observava sua “bisa local”, me peguei pensando em como o trabalho dela é como o campo missionário e nossa vida espiritual. Se eu não planto, não colho. Se não cuido, as ervas daninhas tomam conta. Eu preciso estar perto para cuidar, e isso pode significar renunciar a coisas que gostaria de fazer. E que eu posso deixar o cuidado nas mãos de outras pessoas, quando sei que elas vão continuar o trabalho.

Helena Cruz* é missionária de carreira no Projeto Kosovars desde 2022.

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