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SEMENTES - página do caderno da Eloise com um esboço do plano da salvação e o roteiro de uma conversa.

Sementes

Sementes que amadurecem com o tempo

Recebi meu chamado missionário ainda na adolescência. Era algo claro, ardente, impossível de ignorar: um chamado para servir entre os povos da Janela 10/40.
Mas só em 2025 consegui, de fato, colocar os pés no solo do meu campo missionário. Às vezes, os caminhos de Deus não são rápidos, mas sempre são certos. Agora, percebo que o Senhor estava apenas preparando o terreno onde as sementes da fé seriam lançadas no tempo certo.

Sementes plantadas onde o evangelho é proibido

Meu projeto está em uma região onde o evangelho é considerado “proibido”. Então aqui, não há palcos, microfones ou grandes reuniões públicas para evangelização. Por isso o meu trabalho é simples e silencioso: fazer amizades genuínas, viver a fé antes de anunciá-la e aprender a língua antes de pregar a Palavra. Porque, neste contexto, o evangelho não entra pelas portas… ele chega pelo coração.

A língua do coração abre caminhos

Aprender o idioma local tem sido uma das minhas maiores prioridades. Pois quando falamos a língua do coração, tocamos lugares que nenhuma tradução alcança.
Além disso, comecei a estudar inglês em uma escola da cidade — tanto para aprender quanto para criar conexões.

Na nova turma, fui a única estrangeira, o que naturalmente despertou a curiosidade dos colegas. Em pouco tempo, seis meninas bem jovens tornaram-se minhas amigas. Elas se encantaram por eu ser brasileira e queriam saber tudo sobre o Brasil.

Um caderno, um desenho e um olhar curioso

Uma delas, em especial, sempre se sentava ao meu lado. Um dia, pegou meu caderno de anotações. Eu havia esquecido que, ao final de uma das páginas, tinha desenhado a história do plano da salvação, um recurso que uso com crianças.

Assim que viu o desenho, ela o fechou rapidamente e olhou ao redor. Havia curiosidade e receio em seu olhar. Em outras palavras eu vi que ela estava em um conflito silencioso: o desejo de entender mais versus o medo de ser descoberta olhando para algo cristão.

Nos dias seguintes, ela voltou a folhear o caderno. Parava sempre na mesma página. Observava. Fechava. Checava se alguém estava olhando.
Nunca falamos sobre o assunto, mas os olhos dela diziam tudo. E ali percebi que uma nova semente estava sendo plantada.

Pequenas portas, grandes promessas

Pouco depois, precisei deixar o país por dois meses. Antes de partir, duas dessas amigas me convidaram para visitar suas casas quando eu voltasse. Então guardei esse convite como uma promessa de continuidade — um lembrete de que Deus segue agindo mesmo quando não podemos ver.

Estou ansiosa para reencontrá-las e descobrir como o Senhor continuará escrevendo essa história.

Sementes de um evangelho vivido

Acima de tudo, anunciar o evangelho em projetos fechados exige tempo, paciência e presença. Não se trata de “quantos ouviram”, mas de quem me permitiu caminhar ao lado.

Amizades profundas são pontes para verdades eternas. Por isso, viver o evangelho, antes mesmo de falar sobre ele, pode ser a pregação mais poderosa que podemos oferecer.

Eloise Castro* é missionária de curto prazo no Projeto Maghreb desde março de 2025.

* Nome fictício por questões de segurança.

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